O PT precisa avançar sem Lula
Lula está preso. Pode ser injusto, pode ser perseguição e parte de um golpe, mas Lula está preso e o PT precisa avançar. No mundo perfeito e ideal para os petistas, a prisão de Lula seria anulada e voltaria nos braços do povo direto para a Presidência da República, mas sabemos que no mundo real, Lula permanecerá preso até as eleições, e o PT precisa trabalhar com este cenário.
Atualmente, a esquerda está dividida: Manuela D’Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSOL) como gêmeos siameses, porém separados, disputando a bênção do mestre petista; e Ciro Gomes (PDT), com certa vantagem entre o público e que acena ao PT, mas, segundo o próprio, continua “tocando a própria bandinha”.
Acreditar que a Justiça irá magicamente soltar Lula é demonstrar muita inocência, que não é condizente com quem governou ao lado de PMDB, PP, PR e outros partidos do centrão político que não é conhecido por sua ética política.
Insistir na candidatura de Lula, embora seja uma resistência louvável, é empurrar o país no abismo da indefinição jurídica. Como manter a candidatura de alguém que, embora não tenha os direitos políticos cassados, foi condenado em segunda instância? Se eleito, Lula será empossado? Quais as garantias que Lula terá para governar?
A estabilidade política e jurídica deve estar acima de qualquer pessoa, inclusive de Lula. O PT precisa, para o bem do partido e do país, abandonar a visão messiânica do ex-presidente e buscar a unidade da esquerda. Num momento onde Jair Bolsonaro aparece na frente das pesquisas, permanecer com o discurso de “Lula ou Nada” é empurrar o Brasil em direção ao fascismo. Insistir em Lula é entregar o país de bandeja para o autoritarismo.
Algumas alas do PT, mais ponderadas, começam a esboçar uma aliança com Ciro, com Fernando Haddad como vice na chapa, o que seria uma aliança natural. Outras, buscam lançar outro nome como candidato do PT à presidência. Mas a posição formal, reforçado por Gleisi Hoffmann, é “Lula sempre”.
Enquanto isso, o país segue na indefinição, a pouco mais de quatro meses para as eleições, com três veículos de imprensa tentando entrevistar um candidato dentro de uma carceragem da Polícia Federal. Seja a prisão legal ou ilegal, o Brasil não merece passar por isso.
